segunda-feira, março 17, 2008


Estava hoje a fazer o meu lanche, no intervalo do trabalho, quando passei os olhos por um jornal de distribuição gratuita, o "METRO"... Qual o meu espanto quando vejo o título "Lares recusam idosos com VIH"... http://www.readmetro.com/
Em pleno século XXI existe ainda discriminação a seropositivos???
Não há já informação suficiente acerca da doença???
De acordo com o Instituto Ricardo Jorge estão notificadas no nosso país 2411 pessoas seropositivas com mais de 55 anos. A evolução das terapêuticas trouxe um aumento da esperança de vida dos seropositivos, no entanto ainda existem pessoas, ao que parece, que não sabem como lidar com estes doentes..
É mais uma vergonha para o nosso país, a pobreza de espírito é sem duvida a maior de todas a pobrezas... Nestes lares inventam desculpas para não acolherem idosos seropositivos ou pedem quantias exorbitantes pois assim sabem que se livram do "problema".. A Liga Portuguesa Contra a Sida conhece vários casos de discriminação, que acredita serem ampliados com a falta de respostas dos serviços sociais. A Liga recorre várias vezes aos serviços da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, mesmo não sendo apologista da separação definida pela instituição nos finais da década de 80 (seropositivos vs não seropositivos). Hoje a Misericórdia mantem dois lares para doentes seropositivos com graves problemas socio-económicos. Estes lares da Casa da Misericórdia foram criados quando a discriminação era assumida, mas a Misericórdia tinha a esperança que esta medida se tornasse obsoleta à medida que a informação chegasse às pessoas. No entanto 19 anos volvidos, os comportamentos discriminatórios mantêm-se...
Como se não bastassem os danos causados pelo VIH/SIDA, a discriminação contra as pessoas relacionadas com o vírus está também a fazer algumas vítimas. O estigma deve-se à falta de informação a respeito dos conceitos de VIH/SIDA e da forma como o vírus é transmitido. O estigma é também causado pelos preconceitos que as pessoas têm acerca do VIH/SIDA: que estão relacionados com o sexo e com as drogas, e também com actividades tabú, como as relações sexuais pré-matrimoniais ou homossexuais, a prostituição e as drogas injectáveis. O estigma contra o VIH/SIDA produz discriminação. A discriminação é o tratamento injusto que recebem as pessoas relacionadas com o VIH/SIDA: os seropositivos, os seus parentes e amigos. Até mesmo as pessoas que não têm qualquer ligação real com a doença, mas que fazem parte de grupos habitualmente associados ao VIH/SIDA são alvo de estigmatização. O estigma e a discriminação provêm do medo e da incompreensão. Muitas vezes, o medo e a incompreensão fazem parte de uma cultura e consequentemente são considerados socialmente aceitáveis. O ESTIGMA E A DISCRIMINAÇÃO NÃO SÃO ACEITÁVEIS. Silenciam indivíduos e comunidades e levam a que as pessoas evitem fazer testes ou revelem o seu estado de seropositividade. Impedem que as pessoas façam perguntas importantes e obtenham boas respostas. Por causa disto, as pessoas não querem falar sobre sexo ou sobre o VIH/SIDA, o que significa que não estão a aprender como se devem proteger. Da mesma forma que continuam sem saber que as pessoas com VIH/SIDA não representam qualquer ameaça à sociedade. Discriminar é arruinar a vida dessas pessoas. SER LIVRE DE DISCRIMINAÇÃO É UM DIREITO HUMANO FUNDAMENTAL. Isto significa que nunca está certo magoar alguém porque é seropositivo; ou tirar-lhe dinheiro, o emprego ou a casa. O VIH/SIDA são problemas de saúde graves. O estigma e a discriminação tornam esta situação devastadora tanto a nível emocional como financeiro - para indivíduos e comunidades inteiras. Como combater a discriminação? Fala abertamente. Fala sobre sexo, fala sobre drogas, fala sobre o VIH/SIDA. Não é fácil, mas se te queres proteger, a ti e aos teus parceiros, e até mesmo à tua comunidade, é importante que fales deste assunto.


Para todos quantos continuam a discriminação a doentes seropositivos INFORMEM-SE




HOJE POR ELES AMANHÃ POR TI
Como os livros são para se partilhar, quero aqui partilhar com todos quantos gostam de literatura, filosofia, cinema...um livro muito bom de Juan Antonio Rivera "Lo que Sócrates diría a Woody Allen", o qual obteve em Espanha o Premio Espasa Ensaio 2005. Está já traduzido em português (podem encontrá-lo, por exemplo, nas Edições Tenacitas, Coimbra, traduzido por Ana Doolin).
Um ensaio precioso da filosofia espanhola.

À primeira vista parece um ensaio sobre os clássicos do cinema e também alguns mais contemporâneos, mas na realidade trata-se de um tratado de ética em torno das IDEIAS de sempre (amor, felicidade, azar, vontade, morte, medo, tédio...), para alem de uma mão cheia de categorias muito pouco manuseadas na História da Filosofia (o apetite fáustico, a tentação do Bem e do Mal, a formação do gosto moral...).

Estamos perante uma visão interessante da natureza humana, com a sua base de filosofia clássica, a sua dose de psicologia, de literatura, cinema e de teoria económica.


" "O que Sócrates diria a Woody Allen" é uma introdução simultaneamente profunda e amena a algumas das principais questões éticas de todos os tempos: o amor e a felicidade, o destino, a formação do sentido moral, a decisão e a falta de vontade, a tentação do perfeccionismo, o desespero, o pressentimento da morte, etc. Desfilam por estas páginas tanto os filósofos clássicos (Sócrates, Platão, Kant, Nietzsche, etc.) como outros mais actuais, que têm coisas muito interessantes para nos contar. A amenidade deste livro é assegurada pelo método adoptado, que exemplifica a reflexão filosófica a partir do cinema. Os exemplos são retirados de grandes filmes clássicos (Citizen Kane, Casablanca, A Lei do Silêncio), mas também de obras mais recentes (Matrix, Desafio Total, Truman Show). Esta combinação de imagens de filmes e pensamento filosófico ajuda a entender melhor a filosofia e a gostar mais do cinema."


Deixo-vos o índice para aguçar a curiosidade:

PRIMEIRA BOBINA

QUESTÕES PSICOLÓGICAS

1. O que não se pode conseguir pela força de vontade - I
'O coleccionador'

2. O que não se pode conseguir pela força de vontade - II
Woody Allen e a lenda intelectualista
'Hannah e as suas irmãs'

3. O que não se pode conseguir pela força de vontade - III
'Citizen Kane' ('o mundo a seus pés')

4. Fabricar fobias
'Laranja mecânica'

5. O tédio como fonte de maldade
'Calle mayor'

SEGUNDA BOBINA

QUESTÕES MORAIS

6. A formação do gosto moral - I
'The reckless moment'

7. A formação do gosto moral- II
'Há lodo no cais'

8. Não vale tudo
'Tudo bons rapazes'/'O triunfo da vontade'/'Stardust memories'

9. Como combater a falta de vontade
'The man with the golden arm'/'The lost weekend'

10. A tentação do Bem
'Dr. Estranho Amor'

11. Luz que agoniza
'Ikiru'/'Perigo iminente'

12. Outras vidas são possíveis
'Dois destinos'/'La vida en un hilo'

13. A árvore de decisão vital
'Dois destinos'/'Parque Jurássico'/'O efeito borboleta'/'It's a wonderful life'

14. Uma paisagem acidentada

15. Apetite Fáustico
'Desafio total'/'A rosa púrpura do Cairo'/'As sapatilhas vermelhas'

16. A preferência ética por viver num mundo real - I
'Matrix'/'Desafio total'

17. A preferência ética por viver num mundo real - II
'Truman show - a vida em directo'

18. As salas de cinema "Fausto"
"The end" um final quase Stendhaliano
'Casablanca'